Nesta época do ano, o comércio fatura mais do que em dias normais, as ruas ficam enfeitadas; há troca de presentes entre pessoas especiais e colegas de trabalho; e as escolas e as igrejas tentam ensinar às crianças que o verdadeiro sentido do Natal é o nascimento de Cristo. Verdadeiro? Até mesmo entre os cristãos há divergência quanto à celebração da data.
O nascimento de Jesus só passou a ser atrelado a essa data quando, por uma questão política, o imperador romano Constantino procurou resgatar a unidade religiosa do povo que governava. Constantino aproveitou a difusão do cristianismo para controlar o império. Foi ele que estabeleceu os costumes e rituais da Igreja Católica Romana, criada no Concílio de Nicéia em 325 d.C., passando o dia de celebração do sábado para o domingo e “criando” o Natal cristão. Além disso, a Igreja Romana assimilou muitos costumes de outros povos que o império dominava, como conta Henry Bettenson em seu livro Documentos da Igreja Cristã.
O que ocorre é que em outras culturas, anteriores a Cristo, 25 de dezembro era marcado como o dia do nascimento de deuses, geralmente ligados ao Sol. Na definição da Enciclopédia Barsa, o Natal é uma data “fixada no ano de 440, a fim de cristianizar grandes festas pagãs realizadas neste dia”.
Estas festas estão relacionadas às estações do ano. O culto pagão Natalis Invistis Solis (nascimento do deus sol invencível), ao deus Mithra, da Pérsia, do qual Constantino era sumo sacerdote, é celebrado nesta data, porque do dia 24 para o 25 acontece a passagem do Solstício de Inverno para o Equinócio de Primavera nos países do Hemisfério Norte. Durante o período do Solstício de Inverno, os dias são curtos e frios porque, segundo o Observatório Astronômico da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), desta perspectiva, o Sol se move durante seis meses para o sul e fica mais fraco. Ao nascer do dia 25, ele se move um grau, mas, desta vez, para o norte, trazendo dias mais longos e quentes e, claro, a primavera com suas flores, a colheita, o acasalamento dos animais e todo o culto em torno da fertilidade.
Os solstícios são as posições da Terra em relação ao Sol. Entre eles há os Equinócios de Primavera e Outono, que ocorrem quando os dois hemisférios ficam dispostos simetricamente em relação ao Sol, que sempre foi motivo de culto e adoração em inúmeros povos.
No Egito, 3000 anos a.C., o Sol aparece na figura do deus Hórus, que nasceu da virgem Isis, na mesma data de Mithra. Seu arqui-inimigo era Set, que representava o mal, as trevas ou a noite. Todos os dias eles travavam batalhas. Ao entardecer, Set ganhava e mandava Hórus para as trevas, ao amanhecer, acontecia o contrário e Hórus reaparecia vitorioso no céu. Durante a primavera e o verão, quando os dias são mais longos, Hórus prevalecia. De igual forma, a mesma estrutura mitologica é encontrada uma das versões da história de Krishna, da Índia, cujo nascimento teria sido em 25 de dezembro a 900 anos a.C., também de uma virgem, Devaki.
Jesus não poderia ter nascido nesta data, pois em Israel é inverno e dificilmente pessoas peregrinam nesta época. Os pais de Jesus estavam a caminho de Belém, próximo a Jerusalém, o que só ocorria em duas ocasiões — no aniversário da segunda cidade e na Festa dos Tabernáculos, ou Sucot, a festa das colheitas do povo judaico. Os indícios apontam que o nascimento teria acontecido na segunda ocasião. Russel Shedd constatou em seus estudos para a tese de doutorado que o nascimento se deu em outubro, durante a festividade, considerando os turnos de sacerdócio de Zacarias, pai de João Batista, primo de Jesus. “Ele nasceu na época da Festa dos Tabernáculos, em outubro. Seu nascimento pode ser calculado assim: Zacarias exercia seu turno em julho (Lc. 1:5,8) por ser do turno de Abias, o oitavo turno do ano eclesiástico que começava em março (I Cr. 24:10). Foi o mês da concepção de João Batista, (Lc. 1:23-24), que nasceu, pois em abril do ano seguinte. Jesus nasceu seis meses mais tarde, (Lc. 1:26), portanto em plena Festa dos Tabernáculos.”
DAR PRESENTES DESPERDIÇA DINHEIRO?
Joel Waldfogel, autor do livro Scroogenomics, afirma que a tradição natalina de dar e se receber presentes é, na verdade, ruim para a economia. De acordo com ele, quando as pessoas compram algo para elas mesmas, acreditam que o produto tenha o valor que o produto custou. No entanto, em geral a pessoa que recebe dá um valor bem menor para o presente do que ele realmente custou.
Segundo estudos empreendidos por Waldfogel, o presente perde em média 18% de seu valor quando passa das mãos dos compradores para as dos que o recebem. Como os Estados Unidos gastaram US$ 66 bilhões em compras de Natal em 2007, naquele ano foram “desperdiçados” US$ 12 bilhões.
Pais, irmãos, casais e amigos próximos costumam gerar menos desperdício, mas parentes mais distantes, como tios e avós costumam gerar até 80% de desvalorização do valor do presente. A solução para Wldfogel seria a criação de vales-presente que se não forem usados até certa data teriam seu valor revertido para caridade.
Fonte: Por Emanuelle Bezerra
Luciano - Copyright © 2009
Nenhum comentário:
Postar um comentário