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Fiquei cismado com aquilo. A empresa treinava todo mundo, gastava uma bala em tecnologia, botava gente viajando pra todo lado, promovia reuniões em cima de reuniões, falava de inovação e de “produtos disruptivos”, mas na hora de tomar a decisão não havia um só fariseu disposto a assumir riscos. Aquilo era a República do Cagaço. Para mim, “cagaço”sempre foi mais que simplesmente “medo”. Medo parece ser algo eventual. Aparece aqui e depois some. Cagaço não. É um estado de espírito, constante e sistemático. Uma forma de enxergar o mundo. Aquele pessoal que se dizia super preparado só tinha sido treinado em eficiência operacional. Em fazer cada vez melhor aquilo que sempre fez. Ninguém tinha sido estimulado a julgar e tomar decisões. A correr riscos. A assumir responsabilidades. Eram os reis do cagaço. O imobilismo generalizado implicava num custo gigantesco que não aparecia nas planilhas do pessoal do financeiro, mas que tinha um impacto direto no resultado da empresa: um bando de cagões não fazendo acontecer... Bem, pra encurtar a história: dois anos depois a empresa quebrou. Ninguém precisava ser gênio para prever que o final seria esse: fracasso. É pra lá que o cagaço te leva.
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